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"Do Dever ao Palanque: Quando o Direito Vira ‘Virtude’ nas Contas de Eirunepé”


O Dever Anunciado


Em tempos de outrora, o silêncio regia, O dever cumprido, na calada, fluía. Não se ouvia alarde, nem se via estardalhaço, Quando o salário ao bolso, encontrava seu espaço.

Era um ato esperado, direito adquirido, Não um feito louvado, ou excessivamente exibido. Mas eis que os tempos mudaram, e com eles, a prática, O que era rotina, tornou-se tática.

Agora, nas praças e redes, anuncia-se o óbvio, “Está na conta!”, proclama o prefeito, em tom audível. Mas pergunto-me, qual a necessidade dessa voz alta? Será virtude fazer o que se espera, sem falta?


Não, não é mérito, é mera obrigação, Cumprir com o prometido, sem necessidade de aclamação. O bom gestor não busca aplausos por atender ao básico, Mas sim por transcender, pelo trabalho árduo e clássico.


Por que então esse alarde, essa necessidade de mostrar? Será que a confiança já não se pode mais depositar? Que a política se tornou tão frágil, tão carente de substância, Que precisa anunciar o cumprimento de uma simples constância?


O verdadeiro valor está em construir, em realizar, Em projetos e obras que venham a prosperar. Não em propagandear o que já é de se esperar, Mas em ir além, em fazer a comunidade se orgulhar.


Que os louros sejam dados por méritos reais, Por avanços e conquistas, por atos especiais. Que o dever não seja motivo de celebração, Mas sim a base, o ponto de partida para a verdadeira ação.


Anbacre Digital

Uebster Silva

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