"É confusão esse neguinho aí, ele é confusão", diz o médico do Costa Rica, Marcus Andre dos Santos, se referindo ao árbitro Rosalino Francisco Sanca, na partida entre CREC contra o Operário, no Estádio Laertão, no dia 3 de março pela 9º rodada do Campeonato Sul-Mato-Grossense.
Este foi o segundo caso de racismo no campeonato estadual em menos de 15 dias. O primeiro aconteceu três dias antes, no dia 29 de fevereiro, após o zagueiro da Portuguesa, Vinícius Machado registrar um boletim de ocorrência, acusando um policial militar de proferir palavras racistas, durante uma confusão na partida contra o Náutico, pela 7º rodada do Estadual.
Natural de Guiné-Bissau, e engenheiro civil, o árbitro Rosalino Francisco Sanca, atuava como quarto árbitro na partida entre Costa Rica e Operário e, cumprindo regras, pediu a uma pessoa, que estava sentado em uma cadeira em frente a uma área restrita, que fica perto dos vestiários, que saísse do local.
O homem pega a cadeira de plástico e sai do local que era destinado a pessoas credenciadas do clube. É neste momento que o médico do Costa Rica desfere as palavras: "Ele é confusão esse neguinho aí, ele é confusão. E ele quer confusão", disse Marcus Andre dos Santos, em tom de deboche
As imagens pegam exatamente o momento em que aconteceu o caso. Preocupado em exercer o seu trabalho, o quatro árbitro Rosalino Sanca não percebeu os xingamentos, mas soube melhor da situação após analisar as imagens após o jogo.
“Em conversas com o sindicato e com pessoas próximas, o Sanca não percebeu o ato de racismo e foi somente analisar melhor o caso, após receber orientações de colegas da consciência negra e decidiu tomar atitude. Confeccionamos um boletim de ocorrência e enviamos ao Tribunal de Justiça Desportiva (TJD)", relatou para a reportagem, o presidente do Sindárbitro-MS, Ernani Tomaz da Silva.
Revoltado com a falta de ação da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, o presidente do Sindárbitro-MS garantiu que está prestando todo apoio ao profissional.
“Esperamos que tomem medidas necessárias e que os culpados sejam punidos com rigor da lei. Precisamos dar um basta a este tipo de crime no futebol”, explanou
"Esperamos que a polícia civil de Mato Grosso do Sul faça um trabalho eficaz de investigação e que as medidas necessárias sejam tomadas, para que os culpados possam ser punidos com o rigor da lei", pontuou.
Sanca registrou o boletim de ocorrência ontem (12), como caso de "injúria qualificada pela raça, cor, etnia ou origem", com base no Artigo 140, Parágrafo § 3º do CP.
A reportagem buscou contato com o arbitro, mas estava a trabalho e marcou em outra data para falar sobre o assunto.
Em nota de repúdio, a diretoria do Costa Rica afirmou que está ciente das acusações e que está tomando providências e colaborando com as autoridades para que o caso seja esclarecido o “mais rápido possível”.
Correio do Estado
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